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Como as pessoas usam o ChatGPT
Entenda esses hábitos e lucre com eles

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Oi, pessoal! Nesta semana, OpenAI e Harvard lançaram um estudo (link aqui) sobre como as pessoas usam o ChatGPT no dia a dia. A pesquisa identificou padrões que dão pistas sobre o presente e o futuro da Inteligência Artificial. Triangulando o estudo com dados de empresas listadas, chegamos a conclusões interessantes.
Caso queira, este artigo também tem uma versão em Áudio 🎙️ AQUI → PS: Estou testando versão feita pelo NotebookLM. Feedbacks são bem vindos.
Segue a versão de um minuto:
O ChatGPT virou mainstream: 700 milhões de usuários semanais ativos e 2,5 bilhões de mensagens por dia mostram que já é uma das maiores plataformas digitais do mundo.
Lazer > Trabalho: 73% das mensagens já são pessoais, abrindo espaço para produtos de consumo baseados em IA — de tutores a coaches de saúde e relacionamento.
Mercados em formação: Orientações práticas, Escrita e Busca de informações respondem por 78% do uso. Cada vertical pode originar startups bilionárias. copilotos de escrita, tradutores contextuais, tutores sob demanda.
Adoção jovem e global: metade dos usuários tem menos de 26 anos e o crescimento é mais rápido em países emergentes, criando oportunidades para produtos de massa e localizados
OpenAI: crescimento assustador e dominante em B2C
O ChatGPT foi lançado em novembro de 2022. Em julho de 2025, foram enviadas 2,5 bilhões de mensagens por dia, cerca de 29.000 por segundo, por mais de 700 milhões de usuários. Isso representa aproximadamente 10% da população adulta mundial. Para uma tecnologia nova, essa velocidade de difusão global não tem precedentes.

Fonte: Estudo HOW PEOPLE USE CHATGPT
O estudo analisou dados de junho de 2024 e junho de 2025. Embora mensagens pessoais e profissionais tenham crescido rápido, as pessoais cresceram mais. Em junho de 2024, 53% das mensagens eram pessoais; em junho de 2025, 73% eram pessoais e 27% profissionais, ligadas ao trabalho. Isso reforça a visão de que o ChatGPT é usado principalmente para lazer.
O ChatGPT tem se tornado a porta de entrada para a internet, uma alternativa ao Google.
Entre os grupos populacionais, chama a atenção: metade das mensagens é enviada por jovens com menos de 26 anos. Isso sustenta uma tese comum entre investidores: enquanto adultos mais velhos usam o ChatGPT como substituto do Google, os jovens o tratam como sistema operacional da vida, consultando-o com muito mais frequência.
Outro ponto: no lançamento, 80% dos usuários eram homens. Hoje o quadro se equilibrou e as mulheres têm uma pequena maioria.
Distantes do futuro do filme “Ela”
No filme Ela, de Spike Jonze, Theodore (Joaquin Phoenix) é um escritor solitário que compra um sistema operacional de IA e se apaixona pela voz do programa. A história explora a relação entre o homem contemporâneo e a tecnologia.
Há quem tema que ferramentas de IA criem distanciamento social em favor de “relacionamentos” com LLMs. Os dados não mostram isso. Apenas 1,9% das mensagens tratam de “Relacionamentos e Reflexão Pessoal”. No entanto, isso pode ser simplesmente porque a tecnologia do ChatGPT ainda precisa se desenvolver na área de voz e de memória.
O ChatGPT hoje é um Assistente, não um Agente
Todo produto novo enfrenta duas limitações: a tecnologia ainda não permite certos usos e os usuários não exploram o potencial total. É difícil medir o peso de cada uma, mas os dados indicam que ainda estamos longe do teto da IA.
O estudo dividiu as mensagens em três grupos:
Pedir: buscar informações ou conselhos para tomar melhores decisões no trabalho, na escola ou na vida pessoal. (ex.: “Quem foi presidente depois do FHC?”, “Como faço um orçamento para este trimestre?”)
Fazer: pedir que o ChatGPT execute tarefas. (ex.: “Reescreva este e-mail de forma mais formal”, “Elabore um relatório resumindo os casos de uso do ChatGPT”)
Expressar: declarações que não pedem informações nem tarefas. (ex.: “Obrigado!”)

Fonte: Estudo HOW PEOPLE USE CHATGPT
A divisão ficou em 49% Pedir, 40% Fazer e 11% Expressar. Pedir cresce mais rápido e recebe avaliações de qualidade/satisfação mais altas.
Em resumo: os consumidores hoje veem mais valor quando o ChatGPT apoia as decisões. Produtos que orientam escolhas e integram contexto tendem a ter mais sucesso.
Busca indo para o chat, mas não as compras (ainda)
Investidores do Google se preocupam que chatbots reduzam a necessidade de mecanismos de busca tradicionais. A consequência seria pressão na receita de anúncios se as pessoas passarem a receber respostas diretas em vez de clicar em links.
Vale separar duas situações. Uma é buscar informação (“quero entender um tema”). Outra é buscar produtos/serviços com intenção de compra. É na segunda que está a monetização das buscas.
A pesquisa mostrou que apenas 2,1% das mensagens ao ChatGPT têm contexto de compra. Bom para o Google, ruim para a OpenAI, que espera monetizar usuários não pagantes com publicidade, usando um modelo semelhante ao do YouTube.
Os resultados trimestrais do Google indicam que, por ora, o risco não se materializou: a receita de busca cresceu 12% ano contra ano, com aumento no volume de buscas. Ainda assim, o mercado segue monitorando.
OpenAI no B2C e Anthropic no B2B

No mesmo dia do lançamento do estudo da OpenAI, a Anthropic publicou um estudo semelhante sobre o uso de seus produtos. A diferença entre elas é evidente: enquanto o ChatGPT foca em consumidores, o Claude da Anthropic foca nas tarefas de trabalho, como programação, gestão e apoio administrativo.
Em programação, apenas 4,2% das mensagens do ChatGPT tratam do tema, contra 36,9% no Claude. Vale lembrar: por praticamente qualquer métrica, o Claude tem uma fração do volume do ChatGPT.
Esses dados ajudam a explicar por que investidores acreditam na coexistência:
OpenAI: foco no consumidor, marca forte, base ampla, ênfase em busca e informação.
Anthropic: foco corporativo, soluções otimizadas para automação e programação de atividades profissionais.
Há algo quase poético aqui: as pessoas preferem mais automatizar o trabalho do que as “funções” da vida pessoal.
Muitas oportunidades empreendedoras
Entre os gráficos do estudo, um se destaca: os principais tipos de conversa no ChatGPT. É um retrato do que milhões de usuários fazem na prática. Vamos pensar no quão interessante é isso. Nós temos dados sobre atividades pelas quais as pessoas já estão pagando e a magnitude de cada uma delas! Para alguém que aspira empreender em IA, é um dado muito valioso!

Fonte: Estudo HOW PEOPLE USE CHATGPT
Os grandes blocos
Orientações práticas (28,3%): quase 3 em cada 10 conversas pedem ajuda aplicável. Nisso se enquadra dicas de estudo, explicações de conceitos, conselhos de saúde e exercícios. Exemplos: “Me explica frações?”, “Me dá um treino de corrida?”, “Como cozinhar arroz soltinho?”. No meu caso tenho um project chamado “Como perder 2kg durante uma licença paternidade”.
Escrita (28,1%): muita gente pede ajuda para escrever ou melhorar textos. Isso quer dizer revisar trabalhos, mensagens pessoais, traduzir, resumir. Mais de dois terços não pedem criação do zero; o pedido é melhorar/ajustar um texto do usuário.
Buscar informações (21,3%): um quinto das conversas funciona como pesquisa direta: “Qual a capital da Noruega?”, “Quem inventou a lâmpada?”, “Quais os ingredientes de uma lasanha tradicional?”
Blocos menores: Ajuda técnica (7,5%); Autoexpressão (4,3%); Multimídia (6,0%); Outros (4,6%).
O recado do gráfico: há muitas oportunidades a explorar. Cada barra pode virar uma startup de IA verticalizada e baseada em confiança. Exemplos:
Escrita & edição (18% combinados): ~8% do tráfego é pedido para escrever e-mails; 10,6% é revisão/crítica de texto. Sinal de demanda por copilotos de IA dentro de ferramentas de trabalho: vendas, jurídico, RH, comunicação.
Tradução (4,5%): é incrível como esse problema ainda não foi resolvido. O usuário quer tradução contextual. Isso inclui tom, cultura, gírias. Uma IA que não só traduz, mas entende a intenção.
Saúde, fitness, beleza, autocuidado (5,7%): as pessoas já confiam o corpo à IA. Treinadores, nutricionistas e “coaches” de pele de IA, com camada humana para responsabilidade.
Ensino (10,2%): alta demanda por tutores sob demanda. Um tutor de IA que explica do seu jeito, lembra do progresso e estimula você todos os dias.
“Como fazer” (8,5%): SaaS de consumo para micro‑nichos. Já até existem alguns, na linha de “como arrumar meu currículo”, “como preparar marmitas”, “como configurar minha loja no Shopify”. Cada “como fazer” pode ser a porta de entrada para um agente de IA vertical.
São apenas algumas ideias óbvias. Ao alimentar o ChatGPT com o gráfico e o estudo, surgiram ainda as seguintes sugestões:
Marketplace de tutores pessoais de IA
Copiloto corporativo de upskilling
Coach de IA “faça você mesmo” para reparos, culinária e artesanato
Copiloto de escrita empresarial integrado a Salesforce, HubSpot ou Jira
Ghostwriter de IA para fundadores e executivos
Coach de relacionamentos com IA
IA multilíngue em tempo real para reuniões
Estúdio criativo de anúncios com IA para vídeo, texto e imagens
Estúdio de storyboarding com IA para cinema, games e criadores de conteúdo
A OpenAI deu uma bela contribuição ao ecossistema empreendedor. É o que acontece quando seguem o nome que possuem, “Open”. Agora abrir os modelos deles…isso é outra história.
Grande abraço,
Edu
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